Olá! Me chamo Isabela, venci a iic e gostaria de contar um breve resumo da minha história. Em 2019 entrei em trabalho de parto prematuro com 26 semanas de gestação. A bolsa estourou na madrugada de uma quarta-feira, com medo e inexperiente, aguardei amanhecer o dia para avisar ao esposo e aos demais. Fui para a unidade básica de saúde e a enfermeira disse que não era o líquido amniótico, perguntou as características, falei que era incolor e sem cheiro, ela disse que o líquido tem cheiro de água sanitária, portanto era coisa da minha cabeça e o que tinha acontecido era que como o bebê estava crescendo, estava pesando na bexiga e não consegui segurar o xixi.
Falei tudo que eu tinha percebido de diferente, barriga mais baixa, bebê mexendo menos, ela falou que era porque ele seria quietinho... enfim, fiz vários questionamentos e no fim perguntei se ela tinha certeza que estava tudo bem e ela afirmou que sim.
Pois os batimentos estavam normais, então estava tudo ok.
Voltei pra casa. A partir daí, todas as vezes que fazia xixi, saía um pouco líquido... mas todos continuavam dizendo que era coisa da minha cabeça. Três dias depois, já no sábado, fui à Unidade de Emergência, pois já estava aflita, lá a enfermeira pediu para ver o líquido, auscultou o coração do bebê e disse que era normal tá acontecendo aquilo, que antigamente até diziam que era o corpo limpando. Falou que não me preocupasse, que era coisa da minha cabeça...
No domingo de manhã, após sentir bastante contração e surgir sangramento, fui ao hospital novamente, lá fui examinada e encaminhada para uma cidade vizinha, pois moro numa cidade pequena que não tem estrutura para esse tipo de atendimento. Chegando no outro hospital, fui examinada e já estava com 3cm de dilatação. Bastante sangramento. Lá fiquei internada e começaram com intervenções de corticoides e inibidores de contrações. Na segunda fiz ultrasson, a placenta estava descolada, quase não tinha líquido mais. Mesmo assim continuaram segurando ele na minha barriga, pois segundo eles, quanto mais tempo ele amadurecesse dentro, melhor.
Só na quinta-feira, uma semana depois, os remédios não fizeram mais efeito e o trabalho de parto voltou a evoluir. Meu bebê nasceu de parto normal, quase sem vida, pesando 1,050kg, foi direito para a UTIneo.
Mesmo tendo sofrido uma semana sem oxigênio, sem receber nutrientes, ainda passou 7 dias na UTIneo, depois descansou. Nunca vi um ser tão pequeno, tão guerreiro e forte.
Daí veio a dor, o luto. Eu, meu esposo e toda nossa família, sofremos muito. Passei um tempo magoada com Deus. Vários questionamentos. Depois fui procurar as possíveis causas para o parto prematuro.
Tinha muito medo da segunda gestação, pois o trauma era enorme. Mas, em 2021 engravidei novamente e já tive sangramento logo no primeiro mês, inclusive até confundi com a menstruação. Fiz o teste num domingo à noite e na segunda já marquei consulta com o obstetra que me acompanhou e consegui vaga para o mesmo dia.
Iniciei o uso de utrogestan e fiquei de repouso. 3 semanas depois ele examinou pra vê se precisava cerclar e falou que não. Com 19 semanas tive um sangramento de novo, quando ele examinou o colo já estava abrindo e fez uma cerclagem de emergência, com 19 semanas e 5 dias.
É um procedimento muito invasivo, senti muito incômodo, medo, foi horrível o pós cirurgico. E daí então, fiquei de repouso até a 36° semana. Usando utrogestan, inibina, dactil, buscopan, precisava de laxantes... enfim.
Fazia todas as refeições deitada, só levantava para tomar um banho rápido e ir às consultas.
Eu tinha muito medo e trauma, porque apesar do meu primeiro filho ter morrido por permissão de Deus. O trabalho de parto prematuro e o sofrimento dele, foi negligência e falta de experiência e informação. Eu não queria cometer o mesmo erro. Então fui acompanhada por 2 excelentes obstetras e fiz tudo o que meu coração mandou, segui a intuição do meu corpo e meu instinto materno.
No primeiro morfológico deu alteração na Translusência Nucal, tinha probabilidade do meu bebê ter alguma síndrome, tinha chance também de pré-eclâmpsia e a placenta estava baixa. O médico disse que eu tinha 70% de chance de perder meu bebê.
Enfim, foi uma gestação bastante conturbada, cheia de intercorrências, sempre ia com medo aos ultrassons.
Mas, eu entreguei tudo nas mãos de Deus, mesmo com medo, com traumas, com os dias mais difíceis da minha vida, eu entreguei a Ele a vida do meu filho e que fosse feita a vontade dele, no tempo dele. Não parei de orar um instante.
Meu bebê nasceu com 38 semanas e 1 dia, por cesariana. Uma cirurgia tranquila, o pós também. E o meu filho nasceu saudável, perfeito, sem nenhuma anomalia (se tivesse seria perfeito igual). Para honra e glória do Senhor, nós vencemos a iic e o meu arco-íris se chama Tobias, que significa "DEUS É BOM".
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