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Tenho IIC - Relato 27

Foto do escritor: Annyalveszoficial nullAnnyalveszoficial null
Olá meu nome é Suzane e a minha história é um pouco longa, mas vou tentar contar de forma clara. Em fevereiro de 2023, descobri que estava grávida. Eu e meu marido já estávamos juntos há muitos anos e estávamos tentando engravidar, nos preparando para esse momento. Eu estava praticando exercícios, tentando de todas as formas engravidar, e em fevereiro de 2023 recebi a notícia: eu estava grávida de gêmeos.
Olá meu nome é Suzane e a minha história é um pouco longa, mas vou tentar contar de forma clara. Em fevereiro de 2023, descobri que estava grávida. Eu e meu marido já estávamos juntos há muitos anos e estávamos tentando engravidar, nos preparando para esse momento. Eu estava praticando exercícios, tentando de todas as formas engravidar, e em fevereiro de 2023 recebi a notícia: eu estava grávida de gêmeos.

A gestação foi diferente de qualquer outra. Eu ovulei duas vezes, em semanas consecutivas, e acabei engravidando em ambas as ovulações, resultando em duas gestações dentro de uma só. Cada bebê estava em sua própria bolsa, com duas placentas separadas. Foi uma gestação gemelar única, pois as gêmeas tinham uma semana de diferença de fecundação, uma diferença de vida de apenas uma semana.


No início, tudo parecia normal, mas com 9 semanas de gestação, comecei a sangrar sem explicação. Fui à maternidade e descobri que havia um pequeno descolamento na placenta do bebê mais novo. O médico me recomendou repouso e comecei a usar progesterona. Eu confiava muito na minha ginecologista, que me acompanhava há mais de 10 anos, mas nesse dia ela não demonstrou muita preocupação, o que me deixou insegura. Então, decidi procurar outro obstetra. Foi quando conheci o Dr. Claudio Wiens, um médico especializado em gestação de risco, especialmente em casos como o meu, de gestação gemelar. Ele passou a me acompanhar e, com ele, a gestação foi evoluindo.


O descolamento na placenta do bebê mais novo passou e, durante o primeiro trimestre, eu ainda sangrava, mas o sangramento não tinha explicação. No segundo trimestre, com 19 semanas, comecei a perceber que o bebê mais novo não estava se desenvolvendo bem. O médico me explicou que o risco de ele falecer dentro do útero era grande, já que o desenvolvimento estava muito abaixo do esperado para a idade gestacional. Ele também me disse que, caso isso acontecesse, o outro bebê estaria protegido, já que estava em outra placenta e bolsa.


Com 20 semanas, o sangramento voltou. Dessa vez, o coágulo foi muito grande, então fui ao consultório do médico, que me mandou imediatamente para a maternidade para uma ecografia de emergência. Lá, infelizmente, descobrimos que o bebê mais novo não tinha mais batimento cardíaco. O médico explicou que, como o outro bebê estava se desenvolvendo bem, não havia risco para ele, e que o outro bebê seria retirado no parto. Foi um momento muito difícil, mas eu segui em frente.


Quatro semanas depois, com 24 semanas de gestação, eu senti uma dor nas costas, bem na região do cóccix. Como tinha consulta marcada, resolvi esperar até lá para comentar com o médico. Quando cheguei à consulta, ele examinou o meu colo do útero e constatou que estava começando a abrir. Ele me pediu para ir imediatamente à maternidade, pois seria necessária uma cirurgia de emergência. Naquele momento, meu chá de bebê, que estava marcado para o sábado, foi interrompido. Todos os convidados já estavam convidados e tudo estava pronto para o evento. Na quinta-feira, fui ao médico e, no mesmo dia, já estava internada para fazer a cerclagem de emergência.


À noite, o Dr. Claudio realizou a cerclagem, uma cirurgia delicada para evitar o parto prematuro. Ele me alertou que o risco de infecção era grande, já que o meu colo estava muito aberto e a bolsa estava quase saindo. Passamos a monitorar minha situação de perto, mas mesmo após a cerclagem, as contrações não pararam.


No sábado, enquanto ainda estava internada, senti uma dor e, ao ir ao banheiro, um coágulo de sangue saiu. Chamei a enfermeira e, após o exame, descobri que a cerclagem havia rompido. Nesse momento, os médicos me levaram diretamente para a sala de parto, onde passei 7 horas em trabalho de parto, com contrações intensas. Infelizmente, devido à corioamnionite, uma infecção grave, a bebê que estava com 24 semanas não resistiu e nasceu sem vida.


As gêmeas nasceram, mas ambas já estavam sem vida: uma devido ao aborto retido, e a outra devido à infecção. O médico me explicou que o que aconteceu foi uma insuficiência istmo cervical (IIC), causada pelo peso dos bebês e pela abertura espontânea do meu colo do útero. Ele também me explicou que, embora a cerclagem tivesse sido realizada, a infecção impediu que ela tivesse sucesso.


Foi um momento extremamente doloroso. No dia do meu chá de bebê, que deveria ser um momento de celebração, acabei perdendo minha segunda filha. No domingo, fiz a curetagem para retirar o que restava da gestação, e na segunda-feira, estava enterrando minha filha. Foi um final de semana de muita dor e perda.


Após esse período, comecei a pesquisar sobre a IIC e encontrei um grupo que me ajudou muito a entender o que aconteceu. Descobri que o meu médico, que me fez a cerclagem, é um dos poucos especialistas em Curitiba, e me senti grata por ele ter feito o procedimento, embora não tenha dado certo. Ele me explicou que, em uma próxima gestação, seria necessário fazer a cerclagem já com 12 semanas para garantir a segurança do bebê.


No entanto, na época, não pensava em engravidar novamente, pois estava muito traumatizada. Passei por um longo período de luto e fiquei em casa, de licença maternidade, sem os bebês. Foram 120 dias de muita dor e reorganização emocional. Aos poucos, com o tempo, comecei a me curar e, em 2024, no final de abril, descobri que estava grávida novamente. Fiz a cerclagem com 12 semanas e, em dezembro de 2024, no dia 26 de dezembro, minha bebê arco-íris nasceu.


Esse foi o meu percurso, e eu acredito que é muito importante conscientizar as mulheres sobre essas questões, especialmente sobre a cerclagem. Muitas das minhas amigas não sabiam nada sobre isso, e quando eu explicava, ficavam surpresas e confusas. É essencial que as mulheres saibam o que é a cerclagem e a insuficiência istmo cervical, para que possam ser mais informadas e cuidadosas durante a gestação.





 
 
 

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